Cólicas Menstruais – É possível viver sem

As cólicas menstruais são chamadas pelos ginecologistas como dismenorréia, um termo de origem grega que significa menstruação difícil. Ao contrário do que a maioria das mulheres pensam, as cólicas menstruais não fazem parte da menstruação. Elas, assim como qualquer outra dor, são um sinal de que algo não está fluindo como deveria.

Quando abordamos uma disfunção ou patologia com olhar da Ginecologia Natural esse olhar é amplo, não é voltado para o desconforto em si, mas sim para a pessoa. Um olhar holístico que vai aprofundar em diversas áreas da vida, rotina, alimentação, hábitos, história de vida, emoções e muito mais.

A dores menstruais, ao contrário do que muitas pessoas pensam não fazem parte da menstruação, elas são um indício do corpo que algo não está fluindo muito bem. Temos a dismenorréia primária que é aquela que não está associada à patologias e a dismenorréia secundária é aquela que está associada à alguma patologia, ou seja, é um dos sintomas de uma doença. 

Algumas possíveis causas:

  • Desequilíbrio emocional
  • Trauma emocional
  • Endometriose
  • Pólipos
  • Miomas
  • Infecções pélvicas
  • Posição do útero

Quando falamos em dismenorréia secundária as dicas abordadas neste post podem ajudar especificamente nas cólicas menstruais, mas o tratamento da doença em si deve ser feito acompanhado por uma profissional qualificada. Contanto, pode ser que apenas essas orientações não sejam sozinhas suficiente para sanar totalmente as dores, dependendo da intensidade e causa. 

Vale lembrar que existem cólicas que são “facilmente” resolvidas e outras que são mais profundas normalmente quando associada à alguma patologia como a endometriose por exemplo, é o que chamamos de cólicas secundárias que acontecem em decorrência de outro fator. 

As cólicas menstruais podem ter diversas origens, sobretudo sociais e culturais. É por isso que cada mulher deve indagar sobre a sua própria história e se limpar de todas essas dores impostas. Honrar e amar seu corpo, sangue e útero são passos importantes para ir curando a origem dessa dor.

Corpo como oráculo 

 

O corpo fala o tempo inteiro, só precisamos silenciar um pouco para conseguir ouvir os sinais. O hábito de sentir e perceber o próprio corpo ainda é vago para muitas. Na cultura do fazer, o sentir acabou se tornando obsoleto. Mas sempre é tempo de começar.

O ciclo menstrual está intimamente associado com o nosso ritmo interno e externo. As cólicas menstruais necessariamente não irão sumir, elas podem diminuir e eventualmente ressurgir. Isso acontece principalmente nos meses em que houve algum acontecimento fora do comum, o ritmo mudou, mudanças bruscas aconteceram, a perda de algo ou alguém, estresse, ansiedade, mudanças alimentares e assim por diante. 

O sintomas manifestados no ciclo menstrual são um termômetro da nossa saúde mental, física e emocional. 

Não só a cólica é um sinal, como a TPM, inchaços, dores na lombar, enxaqueca, oscilações emocionais entre outras. 

Ser observadora de si é muito importante para não só tratar corretamente os sintomas, como também prevenir. 

Ponto de vista emocional sobre as cólicas menstruais

As matrizes emocionais da dor pélvica são muitas, por isso, é importante você se observar e perceber a sua matriz pessoal.

A cólica primária que é aquela que não está associada à alguma patologia pode ter como padrões relacionados:

  • Estresse emocional
  • Reflexo de uma menarca traumática
  • Corpo emanando sinal para desacelar
  • Entre outros

Na metafísica da saúde, as dores estão relacionadas à dificuldade de lidar com as mudanças. A cólica está ligada ao apego, a permanecer apegada a uma situação e não realizar as transições necessárias. Vimos que a menstruação é um momento de limpeza física e psíquica, é um momento de deixar o velho ir para a chegada do novo. No entanto, para algumas mulheres, isso pode não ser tão fácil assim. Avalie o nível de apego que evitou a renovação em algum setor da vida. É importante trabalhar o desprendimento e reforçar o propósito de adaptar-se às diversas situações.

Algumas dicas para evitar a cólica menstrual:

  • Mantenha o ventre aquecido > isso significa a partir da pré menstruação procurar não usar barriga de fora. Evitar roupas molhadas nessa região. Se possível usar um xale ou um tecido em volta do ventre protegendo e aquecendo.
  • Use meias > manter as extremidades do corpo aquecidas é fundamental para evitar a cólica. Evite andar descalço em pisos que são frios e de pedra e use meias durante a menstruação.
  • Vaporização do útero > a vaporização ajuda muito no processo de limpeza do útero e aquecimento. Ajuda a desapegar e é uma forma de abraçar o útero por dentro.
  • Beba chás > as infusões devem ser ingeridas já na fase pré menstrual para evitar as cólicas. Infusões quentes antes de dormir ajudam a manter o corpo aquecido, além das propriedades medicinais das ervas.
  • Plante sua lua > plantar a lua é um ritual que nos conecta com a frequência cíclica perfeita da Mãe Terra. É uma forma de entregarmos à ela aquilo que já não nos serve mais. Através desse alinhamento energético o alívio da cólica é uma consequência inevitável.

Cotidiano e suas influências

O  ritmo diário diz muito sobre o relacionamento com o ciclo menstrual. Normalmente nosso dia a dia é baseado em inúmeras tarefas das mais diversas que são organizadas na maioria das vezes de acordo com uma urgência externa e não interna.

A energia e disposição do corpo muda durante todo o ciclo, cada fase movimenta hormônios específicos que vão desencadear sensações diferentes. Ao montar um cronograma sem levar isso em consideração no meio do caminho as sensações de exaustão, frustração, raiva, irritabilidade e outras podem se manifestar fortemente.

Lembre-se sempre que o corpo fala, e ele diz exatamente quando está fazendo algo que não gostaria naquele momento ou que não esteja propenso. 

Conhecer as fases do ciclo é fundamental para um cronograma de vida mais saudável e sustentável.

É observar quais faces da ciclicidade você está ancorando naquele dia ou momento.

De acordo com a autora Miranda Gray em seu livro The Optmized Women traduzido a grosso modo como As mulheres otimizadas ela divide essa ciclicidade em quatro fases:

Fase dinâmica

  • Foco mental
  • Concentração
  • Aprendizado
  • Pesquisa
  • Independência

Fase Expressiva

  • Comunicação
  • Empatia
  • Produtividade
  • Trabalhos em grupo
  • Apoiar outros
  • Criar relações interdependentes

Fase Criativa

  • Criatividade
  • Inspiração
  • Pensar fora da caixa
  • Identificar problemas
  • Solucionar problemas

Fase Reflexiva

  • Revisar de forma criativa
  • Desapegar
  • Novas ideias
  • Descansar
  • Renovação

Essas energias se apresentam em todos os seres vivos, é a ciclicidade inata. Se observar com atenção percebe-se que diariamente oscilamos entre essas quatro faces, mensalmente também e até em fases da vida especificas. É a ciclicidade do macro até o micro.

Aprender a vivenciar a potencialidade de cada fase faz com o nosso corpo, mente e emoções se desgastem menos. Liberando mais hormônios do prazer e da alegria e nos movimentamos de acordo  e respeitando o ritmo interno.

Observe, anote e vá aos poucos adotando sua rotina respeitando o seu ritmo interno.

Alimentação e as cólicas menstruais

A alimentação tem um papel importante no alívio das cólicas menstruais. É base para a prevenção de qualquer doença ou desconforto.

Alguns alimentos deixam o corpo mais “inflamado”, sendo assim mais propenso a sentir cólicas. A menstruação não é uma inflamação, é um processo natural de descamação do endométrio que é a parte mais interna do útero. Porém, um corpo mais propenso a inflamação e com uma alimentação deficiente em vitaminas e nutrientes fica mais propenso a sentir cólicas nesse momento.

A saúde do útero depende da saúde do organismo como um todo, outros órgãos que estão intimamente relacionados a qualidade do ciclo menstrual e do sangue menstrual são: fígado, baço, pâncreas, rins e coração. Não podemos esquecer também do cérebro, pois estresse mental, excesso de preocupações influenciam na saúde.

Esses órgãos movimentam, filtram e produzem o nosso sangue alimentando todo o organismo, e o útero se comunica diretamente com eles.

Através da alimentação o corpo se cura ou adoece. 

Algumas recomendações alimentares:

  • Evitar sal, açúcar e produtos refinados (farinha branca e pão branco).
  • Consumir alimentos ricos em potássio durante toda a menstruação (melão, laranja e vegetais verdes).
  • Consumir alimentos ricos em magnésio (cereais integrais, aveia, espinafre, gérmen de trigo entre outros). Esse mineral possui múltiplas propriedades imprescindíveis para o correto funcionamento da nossa saúde e melhora a cólica menstrual, entre outros benefícios.
  • Consumir alimentos ricos em Vitamina A, que ajudam a diminuir a tensão (alface, espinafre, cenoura, alho, cebola, pêssego e etc.).
  • Consumir alimentos ricos em cálcio (sementes de sésamo, algas, aveia, dente de leão, avelãs e etc.).

Essas são algumas recomendações básicas que podem ajudar a diminuir os desconfortos. De forma alguma substitui uma consulta com especialistas da área. No caso de doenças específicas um acompanhamento individual é indispensável.

Anticoncepcional para cólicas menstruais

Na medicinal tradicional normalmente o mais recomendado são os hormônios sintéticos. O anticoncepcional tem como propósito evitar a gravidez. Mas mesmo assim vem sendo constantemente indicado para “tratar”desconfortos menstruais, por inibir a menstruação verdadeira acaba levando muitas vezes a crer que a menstruação é a doença, e esses desconfortos são os sintomas. Assim para inibir os desconfortos é preciso parar de menstruar, ou seja, “eliminar”a doença.

Obvio que cada caso é um caso, mas em geral é melhor tratar a raiz do que camuflar com uma pílula. Ao parar o remédio a chance dos desconfortos voltarem e talvez até pior são enormes.

Atualmente existem protocolos naturais e profissionais que fazem esse tipo de acompanhamento visando não eliminar as dores, mas trabalhar o que faz a dor aparecer e prevenir que ela se manifeste.

O uso dos anticoncepcionais podem trazer consequências para o corpo, além de inibir uma das ferramentas de autoconhecimento mais potentes que é o ciclo menstruação. Além do que, tem muitas pessoas que fazem uso dos hormônios sintéticos e ainda sim sentem as dores. 

Esta é uma opção que verdadeiramente não traz uma solução, apenas camufla os sintomas.

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Conclusão

Podemos concluir que não é apenas um fator isolado que pode desencadear esse desconforto mensalmente. O ser humano é complexo e várias nuances que o compõe interferem em todo o funcionamento do organismo. 

É importante silenciar a mente, se conectar com a natureza, manter o corpo quente principalmente a região do ventre e rins, ouvir o que o corpo diz, respeitar os seus ritmos para evitar dores e manter uma boa saúde.

Saúde não é apenas ausência de doença, mas sim um completo estado de bem estar fisico, mental, emocional e social.

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